Exu - Trono Masculino
da Vitalidade
Exu, Shiva, Hermes, Pã, Príapo, Dionísio, Min, Bes, Seth, Savitri, Lóki, Baal, Shulpae, Shullat, Kanamara Matsuri, Baco, Anzu, Comentários.
Exu — Divindade africana, da cultura Nagô que predomina na região da atual Nigéria e parte da Republica Popular do Benim. É o Trono da Vitalidade e também um Trono Tripolar (vitaliza, desvitaliza ou neutraliza toda e qualquer ação).
Orixá Exu tem origem Nagô, onde é Divindade fálica, age também no sentido do vigor físico e espiritual. Seu nome, na língua Yorubá, quer dizer Esfera, mostrando ser uma Divindade que atua em Tudo e em todos os campos.
Considerado o mensageiro dos outros Orixás, Exu vitaliza ou desvitaliza qualquer um dos sete sentidos, sendo muito evocado e muito atuante pela abrangência de seu mistério.
O tridente, ferramenta de Exu na Umbanda, nunca teve conotação negativa, pelo contrário. O Tridente sempre foi algo divino nas culturas pagãs anteriores ao Cristianismo, por isso a cultura católica fez questão de pregar o inverso, para facilitar a conversão de seus fiéis e fazer com que esquecessem os mistérios a que tinham acesso direto. Agora o único acesso a qualquer mistério estaria na mão de um Sacerdote Católico.
Podemos citar o uso de Tridente por Zeus, Netuno, Tritão, Posseidon e Shiva, entre outros. Esses tridentes mostram o valor divino concedido a eles; a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas; Pai, Mãe e Filho; etc. Na cultura católica, essa trindade perde toda sua relação com o tridente e aparece apenas como Pai, Filho e Espírito Santo, deixando de lado o elemento feminino, tão importante, que se concentrará na figura de Maria, Mãe de Jesus.
Assim, Exu evoca seu mistério do vigor e o mistério tridente já tão deturpado em nossa cultura, mas de grande valor como mistério divino, pois trás em si poder de realização, desde que manifesto da forma correta.
Elegbara – Também conhecido como Elegba, Legba, Elebá, Lebá, Elegua, Légua e outros é divindade da cultura Gêge, Vodun, na língua Fon. Seu nome significaPoderoso , tem em si todas as qualidades do Orixá Exu, e de cultura tão próxima na África houve também sincretismos. Elebara é sinônimo de Exu e tornou-se na cultura Yorubá, também, uma das qualidades do Orixá Exu.
Aluvaiá – Este é o nome da Divindade da Vitalidade na cultura bantu, na língua quimbundo, portanto é um “inquice”, é o Exu dos Cultos Angola/Congo.
Shiva – Divindade hindu, é a terceira pessoa da trindade formada por Brama, Vishnu e Shiva, na qual um constrói, ou outro mantém e o terceiro destrói a criação para que torne a construir outra vez. Tem como consorte (esposa) Parvati, que também se manifesta como Durga ou Kali. Pai de Ganesha a quem deu o titulo de Senhor dos Exércitos de Shiva. Shiva reina sobre todos os seres “infernais” e “trevosos” ele tem o poder destruidor e transformador. Shiva é o grande Yogue o Maha Deva (Grande Deus), todos vão a sua cidade natal Varanasi para passar os últimos dias de vida ao lado do Rio Ganges assim depurando o carma, para ao desencarnar na Cidade de Shiva ficar livre da roda dos renascimentos, Sansara. Shiva é Fálico, nos seus rituais chamados Puja o sacerdote Pujari, faz oferendas em torno de um lingan que representa o falo de Shiva. O lingan é todo besuntado com (iogurt) e mel que também consiste da oferenda. Shiva usa um Tridente que representa seu poder trino, enquanto terceira pessoa, e também para lembrar que onde está uma pessoa está as três pessoas. O Tridente também representa o poder no Alto, no meio e no Embaixo.
Shiva enquanto terceira pessoa da trindade também manifesta qualidade de outras divindades ou Orixás, pois uma de suas manifestações é chamada de Natarajaquando Shiva aparece dançando dentro de um circulo de fogo. Sua dança é quem mantém o universo em constante movimento, é a Dança Cósmica do Universo. No fogo, na dança e na destruição podemos associar Shiva a outros Orixás, o que é normal pois mesmo Ogum se manifesta de formas diversas, quando manifesta a lei no campo dos outros Orixás.
Hermes — Divindade grega, filho de Zeus com a ninfa Maia, é o mensageiro dos Deuses. Responsável por tudo que se relacionasse com movimento, viagem, estradas, moeda e transações comerciais. Por isso aparecia sempre usando um chapéu de viajante e sandálias aladas. Na mão, levava uma varinha mágica feita de duas cobras enroscadas em uma haste.
Pã — Divindade grega, filho de Hermes, torso humano, pernas e chifres de bode, deus dos campos, dos pastores e dos bosques. Adorava a companhia de Sátiros, excelente músico e dançarino, adorava perseguir as ninfas. De voz aterradora é a partir de seu nome que surgiu a palavra “pânico” que diz respeito a assustar-se com a presença de Pã.
Príapo — Divindade grega, filho de Afrodite e Hermes, Divindade fálica da fertilidade.
Dionísio — Divindade grega, filho de Zeus e de Sêmele, Deus dos vinhos e folguedos, vagava por todo o país bebendo vinho e dançando sem parar. Teve seu culto inicial mais ligado aos aspectos de divindade da floresta, possuindo qualidades fálicas foi deixando para trás sua natureza vegetal, lembrada apenas pelo vinho e videiras. Como divindade fálica, aparece com sobrenomes comoOrtos, “O Ereto”, e Enorques, “O Bitesticulado”.
Min — Divindade egípcia, Divindade fálica, também da abundância, da fertilidade, da força, do poder e do vigor.
Bes — Divindade egípcia, “Deus da Concupiscência e do Prazer”, de origem estrangeira, aparece de pé sobre um lótus; também é fálico.
Seth — Divindade egípcia, Senhor do Caos ou da desordem, também transmite força, poder e vigor. Atua de forma tripolar e muitas vezes atuará no campo do Trono Oposto ao Trono da Lei, pois sua presença gera a desordem, bem como sua ausência beneficia a Ordem Divina.
Savitri — Divindade hindu, “su” raiz do nome (“estimular”) é o “estimulador de tudo”.
Lóki — Divindade nórdica, irmão de Odim, é Divindade de força e poder que muitas vezes direciona todo esse potencial de forma não compreensível. Incansável em suas ações, é em si o próprio mistério do Vigor agindo de forma dual, ora positivo e ora negativo.
Baal — Divindade caldéia, cananéia e fenícia, “Senhor” ou “Esposo”. Também é um deus fálico.
Shulpae — Divindade sumeriana com uma série de atribuições, incluindo fertilidade e poderes demoníacos.
Shullat — Divindade sumeriana, consorte de Hanish. Servo do deus sol. Equivalente a Hermes, o mensageiro divino.
Kanamara Matsuri — Divindade japonesa, “falo de ferro”, senhor da fertilidade, reprodução e sexualidade, trazia fartura e a cura para a impotência e a esterilidade.
Baco — Divindade grega do vinho e da vindina, da devassidão e do alvoroço.
Anzu — Divindade babilônica, Águia de cabeça de leão, porteiro de Enlil, nascido na montanha Hehe. Apresentado como o ladrão mal-intencionado no mito de Anzu, mas benevolente no épico sumério de Lugalbanda.
Comentários: O Trono Masculino da Vitalidade, Exu, tem sido muito mal compreendido desde que fomos dominados por uma cultura que vê a união carnal como pecado original. A região sacra do corpo humano tornou-se algo a ser escondido como vergonhoso. A fertilidade divina perde sua relação com o vigor físico, logo as Divindades fálicas são mal compreendidas e facilmente associadas a algo negativo. Espiritualmente o órgão sexual, responsável pela concepção, geração, multiplicação e perpetuação da espécie é divino, sem dúvida, sendo algo negativo a “bestialização” do que nos foi reservado para o Amor. Logo, a vitalidade, o vigor e o estímulo são algo essencial para a vida, pois é aplicado não apenas com conotação sexual e sim em todos os campos da vida, pois uma pessoa desvitalizada ou desestimulada, rapidamente, vai perdendo a vontade de viver.
Entendemos assim que, como esse, muitos outros mistérios e tronos de Deus são incompreendidos; nossos tabus e conceitos muitas vezes encobrem a visão do que é sagrado e divino em nossas vidas.
Bibliografia:
Deus, Deuses, Divindades e Anjos. Alexandre Cumino, Ed. Madras.